segunda-feira, 13 de abril de 2015

Oi meu povo!
Então já estava toda a gente a pensar que eu tinha emigrado? Nada disso,apenas a azáfama do dia-a-dia me tem roubado de vocês!|
Hoje vou dar-vos a conhecer algo que já escrevi  há algum tempo.Algo diferente do habitual,um pouco mais duro e sério. Eu própria me espantei.Mas saiu assim.
Preparados?

                                                                       Maria,Maria,Maria.

"Maria, i just met a girl name's Maria". Isto é uma canção lindíssima, lembram-se?
Foi assim que começou a minha conversa com Assírio, um antigo colega meu. Companheiro de carteira e de outras aventuras. Contava-me como se apaixonou por Maria, quer dizer, pelas carnes de Maria. Que, singularmente eram bonitas, mas no conjunto geral, não se enquadravam bem. Eram como as peças de vários puzzles, que nunca se poderão juntar corretamente, para fazer a imagem certa.
Assírio era assim. Gostava delas singulares, diferentes, por vezes chocantes. Mas desta vez, dizia ele, era especial. Pois não se limitou, como sempre, a especar perante uma coxa torneada, ou uma curva perfeita do queixo. Não. Maria possuía um brilho baço nos olhos.
Vendia-se sem entrega. Os seus suspiros nada mais eram que duros ais. A sua voz fraquejava sempre. Engasgava-se, e para cômpor a situação, sorria envergonhadamente. Percebia-se facilmente, que não era moça dada aquelas lides. Via-se que o fazia penosamente, com amargura.
Um dia, disse Assírio, seguia-a até casa. Mas, com grande espanto, vi que o táxi se afastava da cidade. Ia em direção a um bairro degradado.
Maria, prossegue ele, não era a divorciada que vivia com o pai viúvo. Era antes, uma mulher abandonada pelo marido ébrio e bruto. Que um dia se fartou da barulheira dos miúdos com fome, e da lamúria de Maria, que lhe pedia uns trocos para o pão.
Não tive nunca, coragem de lhe contar, diz Assírio, que no dia a seguir, quando ela saiu, eu entrei. Entrei numa barraca, ou casinha de lata. Não sei. Onde conheci a Ana e a Sara. Seminuas, descalças e acompanhadas por um cãozinho sarnoso com uma trela de cordel. A mais nova, tinha os olhos da mãe. A candura do olhar, o brilho calmo e baço. De quem há muito esqueceu o que é sol, calor ou ternura.
Havia pouco para ver; só uma divisão, com um colchão grande e manchado, e um bacio imundo. Restos de comida nos pratos: espinhas e peles de batatas cozidas.
Assírio lembrou-se do corpo de Maria, das poucas palavras de Maria e pensou: "vou convencer-me que estou a sonhar. Não é possível."
A imagem de Sara e de Ana nunca mais lhe saiu da cabeça. Um dia, quando terminaram mais um dos seus encontros, ele, descuidadamente, disse-lhe: " é tarde, é melhor ires, elas estão sozinhas."
Maria olhou-o, pela primeira vez, com despeito. Espantou-se. Assustou-se e fugiu. Assírio nunca mais a viu. Hoje só se recorda do seu corpo, ou melhor, das suas carnes. Que singularmente eram bonitas, mas não no conjunto geral não se enquadravam bem.


Acabou amigos..agora quero um belo de um comentário.
Amanhã vou voltar com mais coisinhas giras pra vocês!

Beijinhos,
See you.

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